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Nos últimos dias li 5 textos em que os autores colocam como uma das principais ações para melhorar a saúde no Brasil a expansão do programa de saúde da família.
Revistas de grande circulação à textos acadêmicos enfatizam o mesmo: onde está bem estruturado o programa de saúde da família (PSF) dá ótimos resultados.
Daí eu me lembrei de um texto meu de alguns meses atrás. Acho que vale a pena reproduzi-lo aqui.
Política ao sabor do marketing
Onde é implantado o Programa de Saúde da Família (PSF) é um sucesso.
Simples e de baixo custo.
Leva a saúde ao dia-a-dia das famílias.
Consegue prevenir inúmeras doenças.
Ajuda a difundir educação em saúde.
Facilita os serviços (caros) de vigilância em saúde (controle de epidemias).
Consegue, pelo vínculo com a comunidade que atende, atuar sobre famílias “problemas”.
Imagine uma criança doente que precisa de alguns cuidados e a mãe nem sequer faz a comida da casa.
Problemas como este acabam levando a criança de volta para o hospital, gerando sofrimento e mais custos. Atuando próximos a estas famílias as equipes conseguem mobilizar parentes e vizinhos para cuidar da criança. Ensinam a fazer curativo, dar banho, etc.
Ou seja, estas equipes fazem um trabalho fantástico.
Um trabalho de baixo custo.
Um trabalho que cura e previne.
Só há um problema: como estão incorporadas à rotina da vida das pessoas NÃO rendem votos para os políticos.
As equipes são percebidas pela população como técnicos e atendem a todos independentemente de vereador, prefeito, governador ou presidente.
Foi isto que percebeu o ex-prefeito de SP José Serra. No início até aumentou um pouco as equipes de PSF. O resultado político eleitoral foi pequeno.
Qual a solução dos marketeiros do ex-prefeito e atual governador de SP, José Serra?
Relegar para um segundo plano o PSF, pois não dava “visibilidade”.
O que é relegar para o segundo plano?
Basicamente “esculhambar” com o serviço.
Falta carro para transportar a equipe. Se um membro pede demissão não é reposto imediatamente. Falta equipamento de trabalho. Falta treinamento para a equipe.
Falta, falta, falta.
Como diria um “piadista” é uma “fartura” total. Falta tudo.
Um dos crimes que se faz no Brasil são as políticas públicas não terem continuidade.
Políticas públicas eficientes e bem feitas são destruídas por interesses politiqueiros de quem está sempre em campanha eleitoral.
Boas políticas públicas que tiveram continuidade foram superbem sucedidas.
A vacinação contra poliomielite é um exemplo.
O investimento em pesquisa agropecuária na Embrapa é outro exemplo.
O PSF é tão bem sucedido que o Serra considerou que pegaria muito mal acabar com ele.
O que fez? Resolveu mata-lo por inanição e desorganização.
Me lembro do meu avô falando: “aquele sujeito quer destruir, isto não é nada bom. Ele tem um coração ruim”.
Esta é a política ao nível da dupla Serra / Kassab.
PS: é importante lembrar que metade dos gastos com as equipes de PSF é dinheiro que o governo federal manda para as cidades.
Kassab congela Programa de Saúde da Família Do blog +saúde
São Paulo não ganhou uma única equipe de Programa de Saúde da Família (PSF) e perdeu 6 equipes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 2007.
Dados do Relatório de Acompanhamento do Orçamentário e Financeiro da Secretaria Municipal de Saúde de 2006 e 2007 demonstram que a opção preferencial pelas AMAs significou o congelamento no número de equipes de PSF (948) e a redução no número de PACS (de 59 para 53 equipes).
Na campanha de 2004, Serra prometeu que ampliaria o PSF, com no mínimo a duplicação do número de equipes de agentes de saúde, apresentando o PSF e o PACS em sua propaganda de rádio e TV como seus grandes modelos para a saúde. Pura enganação eleitoreira. A partir da opção pelas AMAs, relegou o PSF e o PACS ao esquecimento.
http://www.carlosneder.org.br/blog/
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Mensagem da noite
Há 2 dias
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