segunda-feira, 14 de julho de 2008

Poder e destruição na amazônia

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Nas cidades brasileiras do centro-sul a população aplaude quando um prefeito constrói mais um viaduto ou ponte.

Porque a população da amazônia não iria aplaudir quando um pecuarista, agricultor ou madereiro destrói a floresta e monta um novo negócio?

Os dois Brasis não sabem viver de modo sustentável. É por isto que o maior consumidor de madeira da amazônia é, disparado, o estado de São Paulo.

Isto se reflete nos políticos que disputam votos. A proposta mais "excitante" do kassab em SP é construir um túnel de 4,5 km.

O Alckmin está pensando, quem sabe, em ir a Bogotá para conhecer o sistema de transporte de lá. É sério. O cara quer ser prefeito e nem se preparou. Ele acha que campanha eleitoral é época de aprender.

Não, campanha eleitoral é época de mostrar estudos e soluções para as cidades.

Volto a dizer que no Brasil temos poucos estudos técnicos. Os políticos não se importam em "gastar dinheiro" com marketing. Mas, muito raramente gastam dinheiro com estudo e planejamento.

Sabem porque isto acontece?

Porque os cidadãos não valorizam os estudos técnicos e detalhados. Os políticos reproduzem o que existe na sociedade, afinal, eles são parte dela.

Na amazônia acontece o mesmo. As pessoas só sabem desmatar. É isso o que elas fazem para ganhar a vida.

Isto se reflete na política. Os candidatos vitoriosos nas cidades que são "fronteiras agrícolas" tendem a ser os desmatadores.

Eles serão grandes eleitores em 2010. Serão grandes cabos eleitorais nas eleições para o senado, governador, deputado e presidente.

O texto abaixo são partes de uma notícia da FSP:

"Agronegócio disputa cidades desmatadoras

Nos 36 municípios que mais devastam a floresta, 35% dos candidatos a prefeito são madeireiros, pecuaristas ou agricultores.

Em quatro cidades de Mato Grosso e do Pará, a disputa pela prefeitura se dará apenas entre candidatos do ramo da agropecuária.

Levantamento feito pela Folha nas 36 cidades que mais desmatam a Amazônia mostra que cerca de 35% dos candidatos a prefeito são ligados ao agronegócio -pecuaristas, agricultores ou donos de madeireiras. E que, entre os candidatos à reeleição nesses municípios (que historicamente têm mais chances de vencer a disputa), 44% também atuam em alguma dessas atividades.

Para candidatos ouvidos pela Folha, ambiente será um ponto essencial da campanha, mas muitos se mostram reticentes à adesão total dos planos federais de reduzir o desmate. Candidato único em Querência (MT), na região do Xingu, o prefeito Fernando Gorgen (PR) promete "trabalhar" para que o "problema" não inviabilize a economia da cidade. "Se deixar na mão desse ministro aí [Carlos Minc, do Meio Ambiente], nossa cidade acaba", diz ele, que é produtor rural.

O madeireiro Carlos Roberto Torremocha (DEM), candidato em Aripuanã (MT), defende uma visão "menos radical". "Nosso município não conseguirá sobreviver só da floresta."

A ligação direta entre prefeitos e os segmentos que exploram os recursos naturais em geral dificulta as iniciativas de preservação da floresta, diz o ambientalista Sérgio Guimarães, coordenador da ONG ICV (Instituto Centro de Vida)."Na maioria das vezes, o eleito entra preocupado em fazer valer as demandas do seu setor. Em cidades que dependem de um modelo econômico insustentável, a tendência é manter esse padrão."


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