segunda-feira, 15 de junho de 2009

Bolsista tem nota igual ou maior que pagante

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Comparação foi feita entre beneficiados pelo ProUni e demais alunos do último ano de dez cursos universitários privados

Para diretores de faculdades, bom resultado dos alunos bolsistas não surpreende; para conseguir a bolsa, é preciso ir bem no Enem

Folha de S. Paulo (15/06/09)

Bolsistas do ProUni tiveram desempenho igual ou superior ao de seus colegas no Enade (exame do Ministério da Educação que substituiu o Provão), em dez áreas onde foi possível fazer a comparação entre alunos que cursavam o último ano.

A pedido da Folha, o Inep (instituto de pesquisas ligado ao MEC) comparou a média desses universitários com a dos demais colegas de curso.

O Enade de 2007 foi o primeiro a identificar, entre os formandos, aqueles que são bolsistas do ProUni -programa do MEC que dá bolsas integrais ou parciais em instituições privadas para alunos com renda familiar per capita inferior a três salários mínimos.

Nas dez áreas comparadas, em duas (biomedicina e radiologia) a diferença a favor dos bolsistas foi significativa.

Nas oito restantes (veterinária, odontologia, medicina, agronomia, farmácia, enfermagem, fisioterapia e serviço social), a distância (a favor dos bolsistas em quatro casos e contra eles em quatro) foi sempre igual ou inferior a dois pontos numa escala de zero a cem -diferença que não é significativa estatisticamente.

Já na comparação entre ingressantes, o desempenho foi sempre favorável aos bolsistas.
O sociólogo Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, sugere duas hipóteses. A primeira é que isto indicaria que os bolsistas têm nível socioeconômico superior ao de seus colegas, o que mostraria que a focalização do programa não está sendo eficiente. A segunda é que, como há uma nota mínima no Enem para pleitear a bolsa, ficam de fora os alunos de nível menor, que ingressariam, sem ProUni, em cursos menos disputados.

Para diretores de universidades privadas, o bom desempenho não surpreende.
Célia Forghieri, assessora da Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias da PUC-SP, diz que, por ser uma das universidades mais procuradas pelos inscritos no ProUni, a PUC recebe os melhores alunos das escolas públicas.

"Muitos professores ficaram receosos de que os alunos [do ProUni] iriam diminuir o brilho acadêmico da universidade, o que se mostrou equivocado."

Na PUC-Rio, o diagnóstico é o mesmo. "No geral, são [alunos] aplicados que reconhecem o valor da oportunidade que estão tendo. A evasão também é menor", diz Elisabeth Jazbik, assessora da vice-reitoria.

As universidades Estácio de Sá, do Rio, e Anhembi Morumbi, de São Paulo, fazem o mesmo balanço. "Não temos registro de nenhuma alteração significativa na curva normal de desempenho dos alunos", afirma Jessé Holanda, diretor executivo de operações da Estácio.

"Eles têm notas muito boas no Enem e chegam bem preparados", diz Karl Albert, diretor da Anhembi Morumbi.

Mesmo assim, ainda não há consenso sobre o peso do ProUni na inclusão de alunos pobres nas universidades.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE mostra que, em 2004, ano de criação do programa, 679 mil alunos de particulares tinham renda domiciliar per capita inferior a 1,5 salário mínimo (corte do ProUni para concessão de bolsas integrais). Eles eram 20% do total.

Em 2007, considerando a variação da inflação e do mínimo no período, esse número aumentou para 895 mil, mas, como houve crescimento de matrículas nas particulares, o percentual se manteve em 20%.


Nota do Chicão:

São inúmeros os artigos como este que já publicamos aqui no Blog do Chicão.

A imagem que a classe média faz dos bolsistas do PROUNI como um bando de semi-alfabetizados tomando conta das universidades e rebaixandoo ensino tem sua origem no preconceito e nas manipulações da mídia conservadora.

Qualquer recurso que seja destinado aos mais pobres é motivo de "controvérsias". Você já leu alguma controvérsia sobre os donos das Organizações Globo terem comprado um jatinho de mais de U$40 milhões e terem um monte de benefícios fiscais nesta compra? Benefício fiscal significa que o dinheiro que iria para o governo ( para manter uma rodovia, por exemplo), fica no bolso dos mais ricos. Ou seja, a classe média paga imposto, a classe baixa paga imposto e a classe alta possui muitas formas para NÃO pagar impostos ou pagar muito pouco.

O que o Brasil está descobrindo é que existe uma elite na escola pública, que apesar de toda dificuldade valoriza MUITO os estudos, se esforça, dedica, busca informações.
Tendo boas oportunidades estas pessoas vão longe.

A má vontade com os pragramas sociais parece ser o DNA dos tucanos. O sociólogo tucaninho Simon falou duas barbaridades:

1- "A primeira é que isto indicaria que os bolsistas têm nível socioeconômico superior ao de seus colegas..." A resposta está nos parágrafos anteriores: "ProUni -programa do MEC que dá bolsas integrais ou parciais em instituições privadas para alunos com renda familiar per capita inferior a três salários mínimos." De onde vem tamanha loucura? Da idéia que os alunos de escolas públicas são sempre menos capazes. Se estão indo bem é porque não são pobres ou de classe média baixa.

2- "como há uma nota mínima no Enem para pleitear a bolsa, ficam de fora os alunos de nível menor, que ingressariam, sem ProUni, em cursos menos disputados". Traduzindo o pensamento do sociólogo: são os alunos de escola pública que jogam as notas dos pagantes para baixo. A reportagem diz que em Medicina e odontologia (cursos mais concorridos e muito caros) os alunos do PROUNI foram bem. Esta informação desmonta o pensamento do sociólogo.

"Na PUC-Rio, o diagnóstico é o mesmo. "No geral, são [alunos] aplicados que reconhecem o valor da oportunidade que estão tendo. A evasão também é MENOR", diz Elisabeth Jazbik, assessora da vice-reitoria".

Todo programa social deve ser aperfeiçoado com o tempo. À medida que os anos passam é possível avaliar melhor os dados de realidade. Nesta hora pesquisadores de todas as visões ideológicas são importantes. Pois cada um vai enxergar o mundo de uma forma diferente. Nestas condições os questionamentos são mais amplos. E as possibilidades de acerto ficam maiores.

PS: você sabe de onde vem o dinheiro do PROUNI? Vem dos impostos que as universidades NÃO TEM QUE PAGAR. Antes de 2004 os impostos NÃO PAGOS iam direto para o patrimônio dos donos de faculdades. Isto NUNCA FOI QUESTIONADO PELOS CONSERVADORES. Para eles isto é sempre normal; é o mundo como eles enxergam e sonham. A "controvérsia" começa quando este dinheiro é destinado a ajudar as pessoas menos favorecidas.

Pense nisto!



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2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Chicão
Quando falamos que a escola pública não tem o investimento e o valor que deveria ser dado, não podemos colocar isso como se professores e alunos não lutassem contra todos tipo de adversidades governamentais. Temos professors fantásticos e alunos idem. Estes seguram a Educação, os que escolhem o PróUni, na sua maioria são os destaques, com cursinho ou não eles não tem tempo de reclamar, eles sugam os professores e a estrutura da escola, quando esta tem alguma.
Não me espanta esse resultado, me espanta ver eles divulgados.
Saudações
Avelino

Anônimo disse...

Seu Chicão dizer que classe tal ou tal paga imposto é uma falácia.Quem paga imposto são os consumidores, pois os tributos estão inseridos no custo da mercadoria.Empresário que diz pagar muito imposto não passa de charlatão que vive a sonegar; isto é vive a roubar a saúde a educação o lazer dos brasileiros.