sexta-feira, 21 de agosto de 2009

BNDES aumenta repasse de recursos às multinacionais

.

Apenas 7 empresas estrangeiras e 4 monopólios internos tiveram 71,43% do valor dos empréstimos

Nas tabelas desta página (veja no Jornal Hora do povo), o leitor poderá ter uma ideia das operações de valores acima de R$ 100 milhões realizadas pelo BNDES, no segundo trimestre deste ano, com empresas. Estão incluídas tanto as operações diretas que abordamos em nossa edição anterior, isto é, empréstimos feitos diretamente pelo banco, quanto as operações indiretas – empréstimos feitos através de uma instituição financeira a quem o BNDES repassou dinheiro. A fonte de todos os dados é o site do BNDES.

Certamente, essas não são todas as operações feitas pelo BNDES com empresas. Mas são as mais importantes, aquelas que deveriam ser as mais decisivas para o desenvolvimento brasileiro, uma vez que o BNDES é praticamente a única fonte das empresas nacionais para obter recursos destinados aos investimentos. Portanto, suas operações são chave na ampliação da capacidade produtiva do país. É muito positivo que em julho o BNDES haja concedido um empréstimo de R$ 25 bilhões à Petrobrás. Porém, essa operação não somente é uma exceção, como deve-se mais ao empenho do governo Lula em desenvolver o pré-sal do que à política da atual administração do BNDES.

Na primeira tabela, comparamos as operações acima de R$ 100 milhões feitas anteriormente, de 1º de outubro de 2008 a 31 de março de 2009 (abordadas em nossa edição de 8 de julho último), com aquelas efetuadas entre 1º de abril e 30 de junho do presente ano.

Nessa comparação, é evidente o aumento da parcela concedida às empresas estrangeiras. Entre outubro de 2008 e março de 2009, as empresas estrangeiras receberam 34,32% do valor total dos empréstimos acima de R$ 100 milhões. Já no segundo trimestre deste ano, essa parcela ascendeu a 40,5%. Ou seja, a parcela das empresas externas aumentou 6,18 pontos percentuais.

O BNDES foi fundado pelo presidente Getúlio Vargas para financiar as empresas nacionais. Naturalmente, as empresas multinacionais dispõem de poupança externa e monopolizam internacionalmente os recursos do sistema financeiro. A razão sempre levantada pelos advogados do capital estrangeiro para que aceitemos aqui as filiais das empresas de fora, sempre foi a de que elas trariam para cá os seus recursos. Esse suposto argumento degenerava no seguinte: as empresas de fora são necessárias porque têm recursos, enquanto as empresas nacionais não os têm. E, realmente, as últimas têm dificuldades de investir – mas exatamente porque estão enfrentando monopólios estrangeiros que são, essencialmente, uma fusão entre indústrias e bancos. Por isso, porque as empresas nacionais não contam com a boa vontade dos bancos que fazem parte de conglomerados industriais-financeiros externos e dominam mundialmente o sistema financeiro privado, o BNDES foi criado - para que reunisse recursos da sociedade, com o objetivo de suprir a carência de nossas empresas.



REMESSA



No entanto, a julgar pelos empréstimos atuais do BNDES, parece que as empresas externas não somente estão remetendo os lucros que conseguem aqui para suas matrizes, como, também, o pouco que investem é com os nossos próprios recursos. Na verdade, elas estão aumentando as remessas para fora à custa do dinheiro que captam em bancos públicos aqui dentro. Resta saber qual é o benefício que isso traz ao país. Barbosa Lima Sobrinho, em seu livro sobre o Japão, afirmou, muito justamente, que “o capital se faz em casa”. No caso da política atual do BNDES, nós estamos fornecendo a mobília da nossa casa aos estranhos que entraram dentro dela, para que eles a levem para as suas casas.

A principal beneficiada entre abril e junho (ver a segunda tabela) foi a Alcoa – isto é, o monopólio norte-americano da indústria do alumínio e terceiro maior grupo do mundo no setor, que tem um faturamento anual de mais de US$ 30 bilhões. Para que o BNDES tem de emprestar dinheiro com juros baixos à Alcoa? Para aumentar a sua remessa de lucros para a matriz? Para que eles não tenham de investir nada aqui?

Os nossos recursos, evidentemente, não estão sobrando – e estamos numa época em que é decisivo impulsionar as empresas nacionais para fazer o país crescer, pois existe uma crise externa. No entanto, o BNDES parece preocupado em socorrer a crise americana, e não em defender o nosso país dessa crise.

O segundo grupo mais beneficiado é a Anheuser-Busch InBev, com sede em Leuven, na Bélgica, proprietária da AmBev. Uma maravilha: desnacionalizaram a Brahma e a Antártica - e o BNDES resolve ajudar esse monopólio das bebidas a fomentar o seu mercado cativo no Brasil.

Para completar a lista, está a associação da British Gas com a Shell, que tomou a Comgás; a falida General Motors; e os aventureiros da Iberdrola – que tomou boa parte das empresas elétricas estatais durante o governo Fernando Henrique – e os da OHL, que explora estradas brasileiras, isto é, os seus pedágios. Por último, a Jetblue, proprietária da Azul.

Nenhum desses grupos tem importância para o desenvolvimento nacional. Pelo contrário, são parasitas da economia brasileira. Três deles (BG/Shell, Iberdrola e OHL) são açambarcadores da privatização ou de concessões públicas, empresas ou empreendimentos que foram entregues a eles porque o Estado, supostamente, não tinha mais dinheiro para investir neles. Passada a propriedade ou a posse, os açambarcadores estão usando exatamente o dinheiro do Estado...

Outro, a Alcoa instalou-se aqui porque a ditadura, somente para a Alcoa, diminuiu pela metade a tarifa elétrica – e a eletricidade é o principal custo da indústria do alumínio. A GM é um morto-vivo do capitalismo monopolista dos EUA. A JetBlue é uma “low-cost airline” - aquelas empresas aéreas de alto risco e pouco escrúpulo que surgiram depois da desregulamentação de Reagan, com sua total falta de fiscalização. E o monopólio da Anheuser-Busch InBev somente tem servido para aumentar o preço da Brahma e da Antártica, o que é lastimável...

Os monopólios internos beneficiados (terceira tabela) são os mesmos de sempre – o “clubinho”, como disse o presidente da CUT, Artur Henrique. Como sempre, os grupos Votorantim e Odebrecht saíram na ponta. Ao todo, 32,91% do valor dos empréstimos do BNDES acima de R$ 100 milhões foram despendidos com três monopólios internos e uma associação entre dois deles.

Se somarmos as empresas estrangeiras e os monopólios internos, teremos que 71,43% do valor dos empréstimos do BNDES foram destinados a grupos monopolistas.
Este é, basicamente, o problema. O BNDES, ao dirigir seus maiores empréstimos para monopólios, está reforçando a camisa-de-força que eles impõem à economia. A soma de todas as outras empresas – isto é, empresas nacionais não monopolistas, privadas ou estatais – que obtiveram empréstimos acima de R$ 100 milhões constituiu meramente 26,59% do valor total. Apenas duas estatais (Eletrosul, da Eletrobrás, e Copel, do Estado do Paraná) receberam empréstimos (última tabela). A parcela das empresas não monopolistas foi menor, aliás, pois, como dissemos em nossa edição anterior, desses 26,59% é necessário ainda subtrair 6,03% que foi destinado a um consórcio (a Serra do Facão Energia) entre uma estatal (sem maioria do capital votante), um monopólio externo, um monopólio interno e um fundo financeiro.

CARLOS LOPES

Jornal Hora do povo



.

Um comentário:

Anônimo disse...

O QUE SERIA DOS BARES DO BRASIL SEM A RENDINHA DO BOLSA ESMOLA ?
Bolsa esmola, garante todos os meses a cachacinha de muitos miseráveis que são dependentes do Bolsa esmola e são proibidos de trabalharem caso queiram continuar sendo dependentes deste governo.
Bolsa esmola nada + é que um programa social injusto para com quem de fato trabalha e paga impostos neste País.
Somos obrigados a pagar cachacinhas e talvez até drogas para quem não trabalha e nada produz em pró do País .
O pior deste programa social injusto para com o trabalhador de verdade, é que ele é contínuo, tirando do bolso de quem realmente trabalha .
Se o Bolsa esmola do governo Lula fosse um programa social justo para com os que trabalham, teria um prazo determinado tipo 6 Meses .
O seguro desemprego tem prazo determinado.
Porque o Bolsa Esmola Não ?
+ Como se trata de um programa para promover a dependência dos Miseráveis junto ao governo , vai garantindo assim o Voto de Cabresto .
Depois que um analfabeto chegou a presidência, não duvido de +nada!
Depois que o Nosso presidente se acovardou diante da Bolívia deixando o Índio tomar na força e no grito a Petrobrás, Não duvido de +nada!
Depois que Lula rasgou contratos que garantia a soberania do Brasil junto aos vizinhos para favorecê-los, não duvido de + nada!
Depois que Lula Alterou contrato do caso Itaipu para Favorecer Paraguai, não duvido de +nada!
Depois que descobrimos que nosso presidente de pátria duvidosa governa em pró de : Argentina, Paraguai,Equador,Venezuela, Uruguai e Bolívia, Não duvido de +Nada.
Lula governa a favor de nossos visinhos,onde tira do Brasil para favorecê-los .
Que presidente é Esse!?

No governo Lula vale a pena e muito ser invasor de terras(Fora da lei)
Lula alimenta e fortalece os sem terras(ASFARC BRASILEIRA)
Nikacio lemos
23 anos Universitario