quarta-feira, 8 de abril de 2009

MST e a ação direta (como o MST ajuda a classe média)

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Veja a manchete de jornal:

"Produtores rurais criticam governo, atacam os sem-terra e pedem respeito às leis

A presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), divulgou carta criticando o governo e atacando os movimentos de trabalhadores sem terra. Na carta, Abreu se solidariza com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, que disse que as invasões de terras são ilegais e pediu investigação sobre o suposto repasse de recursos públicos para entidades sem terra". (UOL)


Você deve estar pensando: que bom, os produtores rurais resolveram cumprir as leis. Não vão mais devastar as florestas até a beira dos rios, vão respeitar os direitos trabalhistas dos seus empregados, respeitarão o direito ao descanso semanal remunerado dos empregados, não vão mais sonegar...

Aí você caiu na real e descobre que não é nada disso. Você pensa: a tal senadora está agindo contra a invasão de terra. Que bom! Agora os grileiros de terra vão ser combatidos...

Com tristeza no coração você descobre que não é nada contra a invasão dos grileiros. O problema do Brasil é o MST. É ele que age ilegalmente.

A área grilada no Brasil é igual a área dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina JUNTOS.

Isto não é problema. Nunca foi, segundo os conservadores. Quem merece a força da lei é o MST.(Leia o texto: Irmã Dorothy e o crime organizado dos grileiros e desvastadores da amazônia )

Eu conheço muitos fazendeiros. São proprietários REAIS das terras, trabalham nelas e NÃO são ameaçados pelo MST. A quantidade de propriedade de terras no Brasil é da ordem de MILHÕES DE PROPRIEDADES E POSSES. Você pode peguntar: como são escolhidas as fazendas a serem invadidas (uma porcentagem mínima do total)?

A imensa maioria são fazendas griladas, fazendas usadas como reserva de valor (improdutiva), de pessoas que devem milhões para o governo e NÃO PAGAM.

Aqui no estado de São Paulo nós temos um caso exemplar: o Pontal do Paranapanema. É uma região enorme do estado. Toda GRILADA. Está em disputa judicial a mais de 70 anos. A mais de 70 anos a justiça não age (e o tal do Gilmar Mendes não reclama). O que fazer? Esperar mais 200 anos?

O MST resolveu invadir fazendas na região. Os grileiros foram apresentados como vítimas, como proprietários, etc. É sempre assim...

Graças as invasões do MST muita terra pública deixou de ser grilada. A luta continua, mas milhares de famílias estão trabalhando nas terras, produzindo, consumindo e gerando emprego.

Se você é de classe média, a reforma agrária é um ótimo negócio para você. Não acredite quando você ver as reportagens mostrando aqueles miseráveis cultivando lavoura de subsistência. São casos de insucesso escolhidos a dedo. Hoje, milhões de toneladas de alimentos são produzidos em áreas de assentamento. Isto gera dinheiro. Este dinheiro circula na economia. E, em algum momento, este dinheiro chega ao bolso da classe média através dos negócios destas.( Leia: O sonho da classe alta e a insensatez da classe média Distribuição de renda e emprego para os filhos da classe média )

Moral da história: o que os conservadores querem é que a população fique com o bundão na cadeira reclamando, ficando indignada, fazendo discurso. Quer que todos fiquem quietinhos. Eles possuem muito medo da AÇÃO DIRETA.

Eles não estão indignados com o não cumprimento das leis. Eles estão indignados porque algumas pessoas resolveram AGIR.

A lei, segundo os conservadores, servem para isto mesmo: punir os mais fracos, os mais pobres.

A lei conservadora escolhe alvos. Ela tem os olhos bem abertos, para saber para onde olhar e para onde DEIXAR DE OLHAR.

O sonho de pessoas como a senadora Kátia Abreu é que a ecologia deixe de incomodar os "produtores", que o MST deixe de incomodar alguns "produtores", que a fiscalização de direitos trabalhista deixem de incomodar "produtores", que a lei não incomode determinados "produtores", que as dívidas dos "produtores" com o governo sejam roladas eternamente...

Ou seja, se o desejo dela se realizar plenamente NÓS IREMOS NOS FUDER (bem mais do que já nos fudemos).

Por isto, devemos dar graças a Deus a entidades como o MST, que incomodam estas pessoas.

Hoje, graças a reforma agrária, são milhões de pessoas empregadas, produzindo e lutando para ter uma vida decente.

O dinheiro destinado à reforma agrária só existe porque tem gente lutando, caso contrário o dinheiro seria destinado somente para grandes "proprietários". Os assentados estariam nas cidades, nas favelas, e... o resto você já sabe.




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