sábado, 27 de setembro de 2008

Auxílio e tempo de duração das cotas no Brasil

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Apesar de um alento para parte dos jovens negros brasileiros, as cotas raciais nas universidades públicas estão longe de dar conta do grande problema que é a desigualdade racial no Brasil.

Para o diretor de Cooperação e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Mário Theodoro, que coordenou estudo mostrando que a população negra será maior do que a branca no Brasil, ainda este ano – o sistema de cotas é "instrumento de valorização da população negra" e importante passo para quebrar um ciclo vicioso de racismo.

– Preconceito se combate com ações afirmativas, que permitem que populações tenham acesso a melhor qualidade de vida – No Brasil, a ação mais recorrente é a cota, que fará com que negros tenham ensino público de qualidade.

O coordenador do Programa Políticas da Cor do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj, Renato Ferreira, defende medidas de inclusão nos ensinos fundamental e médio como parte do sucesso para o sistema de cotas raciais nas universidades.

– Se tivéssemos escola pública de qualidade para todos, o quadro seria diferente e haveria mais alunos ingressando na universidade – avalia.

– As cotas terão mais eficácia e gerarão mais resultados se houver escola pública melhor.

Duração

O sistema de cotas, para Theodoro, é um tipo de ação afirmativa para que dentro de anos tenhamos médicos, advogados e engenheiros negros também:

– Quando crianças negras olharem negros em pontos-chave da sociedade e conseguirem vislumbrar um futuro, mudanças começarão a acontecer.

As cotas são um paliativo para a desigualdade que existe hoje. Quando acabar não haverá mais necessidade.

Ferreira aposta que a política de cotas deixará de existir quando "a discriminação for menor, houver mais consciência e mais negros estiverem ocupando espaços de poder":

– Quando esse dia chegar, poderemos abrir mão da política de cotas nas universidades.

Frei David, da ONG Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes (Educafro), é direto:

– No máximo 10 anos depois de todas as universidades brasileiras adotarem as cotas, poderemos dar fim a esse tipo de política no Brasil Será o tempo para mudar a realidade brasileira.

Theodoro acredita que quanto mais a população negra crescer no Brasil, mais aumentará a pressão para que seja discutida a questão racial. Este movimento, avalia, acarretará mudanças significativas para a sociedade.

do Jornal do Brasil


Nota do Chicão:


Conheço uma história de uma pessoa que achava que gay devia apanhar. Tinha raiva e preconceito. O tipo de pessoa que não pensaria duas vezes em atrapalhar a vida de uma pessoa por ser homossexual.

Isto durou até o dia que um médico gay salvou a vida de um filho desta pessoa. A partir deste dia ele mudou o seu pensamento e suas crenças.

Quando tivermos médicos negros, muitos deles, e as pessoas forem tratadas por eles certamente o conceito de "preto, sujo e burro", não se sustentará na mente de muitas pessoas.

E, muitas crianças negras pensarão: eu também posso ser "alguma coisa na vida". Pois estarão vendo pessoas como ela conquistando bons empregos e tendo uma vida melhor.

As cotas são apenas ma forma de apressar esta transformação.

Para quem busca uma sociedade mais humana as cotas são importantíssimas.



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Um comentário:

Anônimo disse...

Estou contigo, embora discutíveis, as cotas são um instrumento de inclusão social importantíssimo neste momento. Apoio essa iniciativa!
Natalia Forcat
wwww.fotolog.terra.com.br/nat_forcat