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Nos últimos dias estamos presenciando uma “crise” do mercado imobiliário americano, que pode se disseminar por outras áreas da economia e causar uma recessão mundial. Desta forma todos perdem. A palavra de ordem é evitar perdas generalizadas. Todos os analistas econômicos da grande mídia respiram aliviados quando os bancos centrais mundo afora aportam no mercado mais de 300 bilhões de dólares.
- "Ufa! Os bancos centrais estão ajudando".
- "Estão tendo uma conduta responsável".
- "Estão colaborando para a calma voltar aos mercados e evitar o pior".
Estes são discursos que você está ouvindo todo dia no rádio, televisão e jornal. Tudo funciona assim: eles tocam a mesma música e nos dizem que é melhor dançar do jeito deles senão é correria e morte.
Estas pessoas, que dirigem a imprensa, são muito espertos e sabem ganhar e proteger o próprio dinheiro. Neste sentido eles têm o apoio total das empresas e dos grandes empresários, que derramam rios de dinheiro nestas empresas jornalísticas (selecionadas entre as mais confiáveis) para serem porta vozes da visão de mundo e da versão que lhes interessam.
Os bobos são aqueles que acreditam e reproduzem estes discursos continuamente. A solução é pensar, refletir, ser um livre pensador. (ainda existem aqueles que acreditam que vivemos com liberdade de imprensa... na realidade o que existe é um mecanismo onde os mais ricos financiam aqueles que lhes oferecem bons serviços ideológicos).
Todo processo funciona assim:
a) se a operação financeira dá lucros – o dinheiro vai para o bolso dos mais ricos, um pouquinho vai para o bolso da classe média e quase nada para os mais pobres.
b) Se a operação dá prejuízo – procura-se maneiras de socializar o prejuízo – uma parte da perda fica com os mais ricos, outra parte com a classe média e outra com os mais pobres. Normalmente encontram-se formas do setor público (governos) pagar grande parte da conta. Existem muitos e muitos mecanismos legais que facilitam esta socialização do prejuízo. São deduções, incentivos, refinanciamentos, leis generosas com quem tem muito. A lei é para todos, mas somente quem tem condições de utilizá-las, na prática, são os mais ricos.
Eu sei disso. Eu sou rico e minhas empresas utilizam estes mecanismos. Quando uma empresa compra outra empresa partes generosas deste desembolso é compensada (eufemismo para o verbo pagar) através de deduções de impostos. Ou seja, quando o Itaú comprou o Banerj quem pagou parte da conta foi você. O lucro deste banco não é seu, jamais.
Este é um fenômeno global, tendo mais força onde a sociedade civil não se articula para criar um contraponto.
Na atual crise dos mercados imobiliários americanos estamos observando a mesma peça de teatro acontecendo. A conta está sendo paga parcialmente pelos governos com o propósito de “nos ajudar a todos”. Em parte é verdade: quando vem a recessão todos perdem. Em parte é uma farsa: porque este mecanismo não embute possibilidades de socializar lucros.
O que é socializar lucros? É fácil. Um operador do mercado de ações possui 50 mil reais aplicados. Se vier a recessão este valor cairá para, por exemplo, 40 mil reais. Sem a recessão pode subir para 60 mil reais. Ou seja, dentro de um cenário otimista este aplicador vai embolsar 20 mil reais. Só ele. Os mais pobres e os governos nada. Existem mecanismos possíveis de contribuições extraordinárias que podem determinar que porções consideráveis deste lucro vá para o governo ou para fundos de promoção de educação, cultura, etc.
Não existe discussão sobre mecanismo de socialização dos lucros quando o governo socorre o mercado. Existem menos discussões ainda quando o governo promove alguns incentivos fiscais, tecnológicos, linhas de crédito subsidiadas, etc. Um caso emblemático disto foi o governo ter gastado muito dinheiro para permitir a incubação de uma empresa tecnológica em BH. Esta empresa foi vendida bem cara para o Google. Quem ganhou? O Google que ficou com a tecnologia para usar em escala mundial, o dono da empresa que ficou milionário e mais ninguém. Pense nisso?
Pense em mecanismos de socialização de lucros. Principalmente quando há incentivos embutidos estimulando atividades.
Outro exemplo: a TIM, a Claro, A Vivo, empresas de celular de capital multinacional recebem financiamentos a juros bem baixos do BNDES. Juros bem mais baixo do que você consegue, se precisar. O banco poderia cobrar uma sobretaxa, digamos de 1% ao ano e formar um fundo de promoção ao patrimônio histórico nacional. Outra forma de socializar o lucro é obrigá-las a levar celular para áreas não cobertas por serem consideradas anti-econômicas, como pequenos vilarejos.
Outra forma de socialização é mudar algumas leis, que visam transferir dinheiro público para o bolso privado. Não é corrupção, é tudo legal. Outro dia entrarei nesta discussão.
Este texto antigo é sempre atual. SINAL DE QUE NÃOE STAMOS APRENDENDO E REPTINDO OS MESMOS ERROS.
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