sábado, 3 de maio de 2008

COTAS nas universidades.

Em meio à discussão sobre a importância das cotas nas universidades relembrei de um dos primeiros artigos do blog do Chicão.

O artigo fala sobre os conservadores que sempre combateram a inclusão social.
A dominação sempre acontece através da desqualificação de tudo que visa beneficiar os mais humildes.

Ou melhor dizendo: desqualificação de tudo que leva a que o FLUXO do dinheiro seja desviado rumo ao bolso dos mais humildes.

Vale a pena ler de novo.


ParaPAN e a história da inclusão social



Esta é comemoração pela conquista da medalha de ouro no vôlei pelo Brasil.

É belo ver esta imagem.

Um pouco de história: faz apenas 20 anos que os movimentos sociais lançaram campanhas para a inclusão social. Estas campanhas incluíam, entre outras reivindicações:

- esporte adaptado para os deficientes físicos.

- reservas de vagas para deficientes físicos no serviço público e na iniciativa privada.

Eu me lembro bem da reação dos atuais cansados a estas reivindicações. Vamos relembrá-las:

- os jornais conservadores (Globo, Folha, Estado, etc.) sequer noticiaram as campanhas.

- os empresários, quando eram obrigados a se manifestarem, alegavam queda no lucro e ingerência indevida do governo nas empresas, gerando burocracia.

- nas rodas de conversa da classe alta o tema era motivo de piadas e deboches. Eu me lembro que em uma reunião de negócios, depois que expus o tema, fui alvo de gozação generalizada. Uma pessoa(?) até comentou que em corrida de cadeira de rodas o competidor vai capotar e ainda vai usar isto como desculpa para pedir aposentadoria. Triste, não! Esta é nossa elite: desqualifica até o sujeito da cadeira de rodas, como se todos fossem sacanas.

Só ela, a elite, não é.


NÃO ENTENDER A HISTÓRIA É REPETIR OS ERROS NO PRESENTE.


Os movimentos sociais conseguiram ganhos maravilhosos na sua luta por boas políticas de inclusão social. Ainda há muito o que fazer, muito já foi feito. Mas, é um engano achar que a elite mudou sua forma de ser e pensar. Apenas se tornou deselegante falar em público o que só deve ser dito em privado sobre o tema inclusão social.

A postura é a mesma: dentro do possível a mídia não divulga e muito menos debate o tema.

Dentro do possível a mídia destila seus preconceitos com argumentos pseudo-racionais.

A elite compra os jornais e revistas e suas empresas anunciam nelas. A classe média sonha em ser da elite e bobamente entrega o jogo.

Exemplo: o programa de inclusão social dos Correios permitiu com que milhões de pessoas recebessem em casa cartas e encomendas.

Receber carta em casa, do mesmo modo que acontece nos bairros da elite e nos de classe média.

Você viu alguma notícia sobre isto nos jornais?

Você sabia que os Correios, antes do atual governo, considerava antieconômico levar cartas até esta população?
Observe bem – a exclusão social NÃO acontece por que a elite diz: somos sacanas, tudo para nós e nada para eles.

Ela não fala isto, jamais.

É dissimulada. Há sempre razões de ordem “prática” e “racional” que geram a exclusão.

E os bobos da classe média apóiam esta situação.

Não se entregava carta na casa dos mais humildes por ser antieconômico.

“Estudos” foram feitos para provar que era pior para o país o “populismo” de entregar cartas nas casas mais humildes.

Resultado: as cartas chegam na casa dos mais ricos e não chegavam nas casas dos mais humildes.
Onde usar o dinheiro público segundo a elite?

Para financiar peças de teatro que só as elites assistem, por exemplo.

Ou o dinheiro público deve ser utilizado para que artistas como a Ivete Sangalo façam o DVD do seu show (e assim ficar bem mais riquinha e cansadinha).

Isto é cultura, segundo eles.

Isto vale a pena investir e apoiar. São quase um milhão de reais de recursos públicos para a princesa Ivete fazer o DVD do seu show.

Tudo dentro da lei. Já que a lei é feita para levar o dinheiro para os bolsos dos mais ricos e deixar sem recursos os mais pobres.

Afinal, entregar cartas nas casas dos mais humildes é antieconômico, não era isto que se dizia.

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