Em 1981, estive em Roraima fazendo uma edição especial sobre as novas fronteiras agrícolas para a IstoÉ. Os principais inimigos dos “arrozeiros”, na época chamados simplesmente de “gaúchos”, e que estavam chegando a Roraima levados pelo governador Ottomar de Souza Pinto, naquele tempo não eram os índios, mas as manadas de cavalos selvagens que invadiam as plantações de arroz para pastar. O Hélio Campos Mello, com quem dividi a matéria, fotografou os únicos exemplares de cavalos selvagens do Brasil, mas eles não existem mais. Foram dizimados a tiro ou veneno pelos “gaúchos”.
Os “gaúchos” não eram chamados de “arrozeiros” porque plantavam, na verdade, brachiaria. Como o Banco do Brasil não financiava pastagens, a brachiaria era plantada consorciada com arroz. No primeiro ano, a produção de arroz explodia, enquanto a brachiaria começava a deitar raízes. No segundo, a produção se reduzia à metade ou menos, para praticamente desaparecer no terceiro, quando a pastagem tomava conta das terras. Aí os “gaúchos” reportavam a quebra da safra para negociar as dívidas com o Banco do Brasil. Quem quiser confirmar essa história, basta consultar os arquivos dos financiamentos do Banco do Brasil em Roraima na época.
Mais de 25 anos depois, parece que as coisas não mudaram muito por lá.
Por Antonio Carlos Fon
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