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Produtores rurais disseram que os mesmos índices de produtividade deveriam ser aplicados nos assentamentos, sob o argumento de que na pequena propriedade rural é mais fácil produzir com eficiência. Como o MST vê a produção dos assentados?
Ótimo. É isso mesmo que queremos: que a sociedade compare a produtividade por hectare de um assentamento e da agricultura familiar, com as fazendas acima de 2000 hectares. Quantas pessoas trabalham por hectares em cada área? Quanto rende a produçao por hectares? Quantas vacas de leite têm por hectares em cada área? Inclusive, que se compare os 97 bilhões de reais que o governo dá de credito para as grandes propriedades, com os 500 milhões de crédito que os assentados recebem no Pronaf. Como moram os assentados e como moram os fazendeiros? Quanto a Caixa Econômica concede de crédito para um fazendeiro comprar seu apartamento na cidade, enquanto uma família assentada recebe 10 mil reais para construir uma casa no campo? A sociedade pode comparar também a qualidade dos alimentos produzidos na agricultura familiar com a quantidade de venenos aplicados por hectare nas grandes propriedades - em especial na cana, na soja, no milho - que concentram os 713 milhões de toneladas de agrotóxicos, que depois vão para o estômago dos consumidores. Desafiamos também os ruralistas a contratarem uma auditoria de especialistas e comparar qualquer fazenda antes e depois de ser desapropriada e destinada para a Reforma Agrária, medindo quanto se produzia e o número de pessoas beneficiadas antes e agora.
Qual o peso do quesito improdutividade na arrecadação de terras para a reforma agrária?
O peso é muito pequeno, porque a lei determina que governo desaproprie todas as fazendas que não cumprem a função social. Não há função social nas fazendas que têm trabalho escravo, desrespeitam o ambiente ou são utilizadas pelo narcotráfico. Só no Mato Grosso do Sul mais de 30 mil hectares estão parados na justiça, por uso do tráfico de drogas, que deveriam ser destinados aos trabalhadores sem-terra. Mais de 350 fazendas foram desapropriadas, mas estão paradas no Poder Judiciário, influenciado por juízes coniventes com o latifúndio. Os ruralistas estão querendo fazer uma batalha ideológica na defesa ao direito absoluto da propriedade, que não existe na nossa Constituição. Por essa razão, até hoje barram na Câmara a lei que que determina a desapropriação de fazendas com trabalho escravo. Ou seja, para defender o direito de propriedade são coniventes até com o trabalho escravo. A Polícia Federal já encontrou mais de 300 fazendas com trabalho escravo. O Brasil tem muita terra disponível para ser desapropriada (e os proprietários ainda recebem indenização) e depois distribuídas para serem trabalhadas. No entanto, a classe dominante é muito conservadora, não tem visão social e só pensa no próprio umbigo. Depois, se encastelam em condomínios de luxo, depositando dinheiro no exterior, com medo do povo e da desigualdade que sustentam, mesmo representando apenas 1% dos estabelecimentos agrícolas.
Entrevista do líder do MST João Paulo Rodrigues
Leia a entrevista completa em http://diariogauche.blogspot.com/2009/09/o-mst-e-atualizacao-dos-indices-de.html
Nota do Chicão:
É importante esta entrevista porque desmente uma mentira que tem sido repetida dezenas de vezes: que a agricultura familiar é ineficiente.
Todas as vezes que a Tv mostra um pequeno produtor rural é sempre aquele sujeito miserável, que planta para subsistência, apenas.
No Brasil a reforma agrária é responsável pela geração de milhões de empregos e pela produção de produtos da ordem de bilhões de reais.
É um setor muito mais importante em termos de geração de emprego e renda do que, por exemplo, a indústria cerâmica ou a indústia textil.
Se os ruralistas quiserem fazer esta comparação vai ser ótimo.
Vai ser importante principalmente para as pessoas que estão com a mente impregnada pelo negativismo dos jornais e Tvs conservadores.
Abaixo segue um trecho de um texto meu:
Você acha que a seguinte matéria iria sair na Veja ou na revista Época: Tocantins: políticos se esbaldam com terra quase de graça ( http://colunistas.ig.com.br/sakamoto/2009/07/23/tocantins-politicos-se-esbaldam-com-terra-quase-de-graca/ ) Esta matéria está no Blog do Sakamoto. Uma das principais beneficiadas deste absurdo é a senadora Kátia Abreu (DEM-TO).
A senadora é ardorosa defensora do que há de pior no Brasil. Por isto é poupada e até elevada ao nível dos defensores da moral e da ética.
O texto do Sakamoto é uma forma de você aprender o que é feito com o dinheiro público com o objetivo de LEVÁ-LO PARA O BOLSO DOS QUE SÃO MUITO RICOS.
São os mesmos que combatem o Bolsa Família. Combatem porque o gasto do Bolsa Família significa menos dinheiro para o "Bolsa Família Milionária".
O dinheiro é um só, ou vai para o bolso dos muito ricos ou vai para o bolso dos mais humildes.
O texto completo está aqui: http://chicaodoispassos.blogspot.com/2009/09/saiba-quem-e-etico-ou-nao.html
Leia também:
MST e a ação direta (como o MST ajuda a classe média)
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