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Transporte coletivo é tido como a saída para a lentidão; em regiões bem servidas de ônibus e metrô, porém, carro é meio mais usado
EVANDRO SPINELLI
Metrô, corredores, ônibus novos, Fura-Fila. Para não desagradar aos usuários de carros, os principais candidatos a prefeito de São Paulo fogem de temas polêmicos como pedágio urbano e ampliação do rodízio de veículos e apontam o transporte coletivo de qualidade como única saída para resolver o caos no trânsito.
Só que oferecer transporte coletivo de qualidade não é garantia de que os moradores vão optar por deixar seus carros na garagem e utilizar outra modalidade de transporte público. Isso é o que se pode constatar a partir dos dados do Datafolha.
Um exemplo é o distrito do Jardim Paulista, onde 32% dos moradores optam pelo carro para se deslocar até o trabalho contra 15% que usam ônibus e 10% que optam pelo metrô.
Na Vila Leopoldina, carro é o meio de transporte de 32% das pessoas, 22% usam ônibus, 7% se deslocam de metrô e outros 7%, de trem. O terceiro exemplo é o Tatuapé, onde o uso do carro para se deslocar para o trabalho é a opção de 28% dos moradores, sendo que 22% usam ônibus, 25% se deslocam de metrô e 1% usa trem.
Nestes três casos, há oferta de transporte sobre trilhos (metrô e/ou trem) e os moradores dão notas superiores a 7,5 às opções disponíveis de transporte coletivo.
Há um quarto exemplo, europeu, para corroborar a tese: em Paris, onde há 14 linhas, 297 estações e 212,5 km de metrô, o trânsito também é constantemente congestionado.
"A oferta de transporte coletivo, que está razoavelmente bem avaliada, ainda não é suficiente para mudar o hábito do uso do carro", aponta a urbanista Silvana Maria Zioni, professora do Mackenzie.
Ela diz que o morador, quando avalia bem o transporte coletivo de seu bairro, o faz com a base de comparação que ele tem, que é o restante da cidade. "A avaliação é em relação à situação de São Paulo. Mas ainda precisamos melhorar muito para chegar num nível bom."
Zioni afirma que o carro continua sendo mais vantajoso que o transporte público porque, entre outras coisas, o motorista não enfrenta grandes limitações. "Tenho facilidade para estacionar e é mais barato ir de carro". Ela defende o aumento da restrição ao uso do carro. Ou, como ela prefere, a extinção de privilégios.
O também urbanista Candido Malta, presidente da Sajep (Sociedade Amigos dos Jardins América, Europa e Paulistano), diz que o trânsito é o único problema da região, que obteve o melhor índice de satisfação na pesquisa (empatada com Alto de Pinheiros). Mas ele admite que o morador local contribui com a piora do trânsito ao sair para trabalhar de carro.
A urbanista Silvana Maria Zioni ressalta que os candidatos a prefeito, quando tratam do ônibus, só propõem a construção de corredores. "Há casos em que você precisa de linhas locais, mais curtas. Nem sempre é só o corredor", diz.
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