terça-feira, 18 de novembro de 2008

A solidão de uma árvore em Votuporanga

.





Eu sou moradora de rua.

Todos passam por mim e nem reparam na minha solidão.

Eles vão e voltam, vão e voltam e nem me notam.

Eu dou sombra, dou abrigo.

E ninguém me agradece.

Eu vivo com medo.

Muitas moradoras desta rua já foram assassinadas.

Assassinadas covardemente.

São assassinos de sangue frio.

Eu tenho medo, pois nenhum foi punido e nem sequer investigado.

Sou como um judeu que mora em um campo de concentração.

Eles podem tudo, até me separar de quem eu gosto.

Hoje eu vivo sozinha.

Aterrorizada!

Quando vai chegar a minha vez?

Eles vão me matar, eu sei disto. Minha solidão me confirma que será assim.

Não há o que eu possa fazer.

Será que alguém vai se importar comigo, uma moradora de rua?



(foto da família Destro)


.

Nenhum comentário: