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BRASÍLIA – Não demorou a aparecer o melhor termômetro para aferir o acerto das medidas adotadas quarta-feira pelo presidente Lula, aumentando investimentos públicos, ampliando o Bolsa-Família, a merenda, o transporte escolar e confirmando o aumento do salário mínimo. Foi significativa a febre de que se viram acometidos os megaempresários, protestando contra o aumento de gastos públicos, apesar dos cortes de custeio no orçamento da União, anunciados antes. Ontem, estrilaram a mais não poder através de suas associações corporativas e de seus porta-vozes amestrados.
Para eles, é dever do Estado utilizar recursos do Tesouro para ajudá-los a sair do sufoco, desde os já liberados aos anunciados 100 bilhões que o BNDES distribuirá. Trata-se, porém, na singular visão da plutocracia, de demagogia e de desperdício destinar dinheiro público para minorar as agruras dos mais pobres, criar empregos em meio à onda de dispensas e governar para o andar de baixo.
Note-se que o governo também não deixou de contemplá-los, com a esdrúxula revogação, em menos de 24 horas, das iniciativas que restringiriam importações e criariam barreiras alfandegárias para proteger o interesse nacional.
Numa palavra, não tem limites a goela aberta das elites, felizmente não todas. Querem salvar-se com benesses públicas, mas não se dispõem a ceder em nada, como exemplifica sua intransigência em, mesmo recebendo bilhões, recusarem o compromisso de interromper as demissões em massa.
E estão indo além, nacional e internacionalmente: no Fórum de Davos, o que mais se ouve é que os governos devem salvar a economia mundial com seus recursos, mas sem regulamentar o sistema financeiro e estarem preparados para cair fora ao primeiro sinal de normalização.
Carlos Chagas /Tribuna de Imprensa
Nota do Chicão:
Existe uma questão histórica que é sede incontrolável de poder por qualquer grupo humano que seja a "elite" de uma sociedade.
Na idade média, não bastava todos os poderes dos senhores feudais. Alguns exigiam ser o primeiro "a dormir" com as donzelas. O problema não é apenas eles quererem. Se não houve uma revolta dos "seus subordinados" que deveriam entregar suas filhas é porque eles davam um jeito de justificar.
Este ato de justificar é a ideologia. Ela é capaz de justificar tudo na mente de quem permite ser dominado.
Pode ter certeza de que naquela época existiam pais que levavam suas filhas para serem desvirginadas e achavam aquilo correto, justo, etc.
Não há dominação da elite sem que os "outros" a apoiem.
No Brasil, a classe média e a pobre são mestres em considerar que o discurso da elite é a favor da sociedade.
Não, não é.
É favor dos interesses dela. E o interesse é aumentar seu poder, aumentar sua capacidade de manter o dinheiro em suas mãos.
A discussão sobre a carga tributária é simbólica. Estamos em janeiro. Todos que possuem veículos auto-motores estão recebendo o IPVA. Carros, motos, jatinhos... Opa! Jatinho não paga IPVA...
O sonho dos donos das grandes mídias é que eles se auto-regulem. Ou seja, o poder fica com quem tem dinheiro, tem o negócio. Democracia? Para o quê?
O que é auto-regulação? Eles são donos, eles decidem, a justiça não pode dar pitaco, eles ficam impunes e, por fim, se houver alguma dúvida eles reúnem e tomam a decisão final.
Você acredita que o Silvio Santos vai decidir o que é melhor para o Brasil? Você acredita que os donos da Globo tem melhores condições, inclusive morais, de decidir que você?
Pense bem. Para dominar, a elite precisa do apoio da sociedade.
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