sábado, 31 de janeiro de 2009

A goela aberta dos que querem tudo

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BRASÍLIA – Não demorou a aparecer o melhor termômetro para aferir o acerto das medidas adotadas quarta-feira pelo presidente Lula, aumentando investimentos públicos, ampliando o Bolsa-Família, a merenda, o transporte escolar e confirmando o aumento do salário mínimo. Foi significativa a febre de que se viram acometidos os megaempresários, protestando contra o aumento de gastos públicos, apesar dos cortes de custeio no orçamento da União, anunciados antes. Ontem, estrilaram a mais não poder através de suas associações corporativas e de seus porta-vozes amestrados.

Para eles, é dever do Estado utilizar recursos do Tesouro para ajudá-los a sair do sufoco, desde os já liberados aos anunciados 100 bilhões que o BNDES distribuirá. Trata-se, porém, na singular visão da plutocracia, de demagogia e de desperdício destinar dinheiro público para minorar as agruras dos mais pobres, criar empregos em meio à onda de dispensas e governar para o andar de baixo.

Note-se que o governo também não deixou de contemplá-los, com a esdrúxula revogação, em menos de 24 horas, das iniciativas que restringiriam importações e criariam barreiras alfandegárias para proteger o interesse nacional.

Numa palavra, não tem limites a goela aberta das elites, felizmente não todas. Querem salvar-se com benesses públicas, mas não se dispõem a ceder em nada, como exemplifica sua intransigência em, mesmo recebendo bilhões, recusarem o compromisso de interromper as demissões em massa.

E estão indo além, nacional e internacionalmente: no Fórum de Davos, o que mais se ouve é que os governos devem salvar a economia mundial com seus recursos, mas sem regulamentar o sistema financeiro e estarem preparados para cair fora ao primeiro sinal de normalização.

Carlos Chagas /Tribuna de Imprensa


Nota do Chicão:

Existe uma questão histórica que é sede incontrolável de poder por qualquer grupo humano que seja a "elite" de uma sociedade.

Na idade média, não bastava todos os poderes dos senhores feudais. Alguns exigiam ser o primeiro "a dormir" com as donzelas. O problema não é apenas eles quererem. Se não houve uma revolta dos "seus subordinados" que deveriam entregar suas filhas é porque eles davam um jeito de justificar.

Este ato de justificar é a ideologia. Ela é capaz de justificar tudo na mente de quem permite ser dominado.

Pode ter certeza de que naquela época existiam pais que levavam suas filhas para serem desvirginadas e achavam aquilo correto, justo, etc.

Não há dominação da elite sem que os "outros" a apoiem.

No Brasil, a classe média e a pobre são mestres em considerar que o discurso da elite é a favor da sociedade.

Não, não é.

É favor dos interesses dela. E o interesse é aumentar seu poder, aumentar sua capacidade de manter o dinheiro em suas mãos.

A discussão sobre a carga tributária é simbólica. Estamos em janeiro. Todos que possuem veículos auto-motores estão recebendo o IPVA. Carros, motos, jatinhos... Opa! Jatinho não paga IPVA...

O sonho dos donos das grandes mídias é que eles se auto-regulem. Ou seja, o poder fica com quem tem dinheiro, tem o negócio. Democracia? Para o quê?

O que é auto-regulação? Eles são donos, eles decidem, a justiça não pode dar pitaco, eles ficam impunes e, por fim, se houver alguma dúvida eles reúnem e tomam a decisão final.

Você acredita que o Silvio Santos vai decidir o que é melhor para o Brasil? Você acredita que os donos da Globo tem melhores condições, inclusive morais, de decidir que você?

Pense bem. Para dominar, a elite precisa do apoio da sociedade.


Distribuição de renda e emprego para os filhos da classe média


Consumidores conscientes e a reação dos conservadores


O sonho da classe alta e a insensatez da classe média


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