domingo, 4 de janeiro de 2009

Desaceleração NÃO é recessão

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Eu conheço muita gente e converso com muita gente, principalmente quando saio a pé na rua.

Andando pela rua encontrei um rapaz e sua mãe que estavam preocupadíssimos com o desemprego por causa da crise econômica.

Estavam pensando que vai ter desemprego em massa.

São pessoas de classe média que se informam através da televisão e de revistas.

São pessoas que estão acostumadas a deixarem que seus emocionais dominem a razão.

A expectativa emocional, a área que a imprensa conservadora gosta de atingir, lhes indica que a crise internacional (muito séria) será devastadora para o Brasil.

O rapaz trabalha em um banco. Ele me disse: "todos os dias aparece algum recém desempregado querendo fechar a conta onde recebia o salário". Ele estava horrorizado. Preocupadíssimo.

Perguntei: "Quantos aparecem para abrir conta porque foram contratados?"

Ele respondeu; "Quase ninguém..."

Como conheço a realidade da minha cidade sabia que era impossível tal fato estar acontecendo. Era a típica percepção de quem está emocionalmente envolvido.

Pedi um grande favor para ele. No dia seguinte ele iria pegar as contas fechadas e as abertas na agência onde trabalha (e tem um cargo alto). Também olharia o desempenho de vendas (seguros, etc).

No outro dia fui até a agência conversar com ele. O total de contas abertas e fechadas foi praticamente igual. As vendas de seguros e outros se mantiveram dentro da meta.

Eu disse que ele estava acostumado a companhar emocionalmente os xiliques da mídia conservadora. Ela conta com esta emoção enorme, pois é o que dificulta às pessoas a raciocinarem e NÃO buscarem dados reais.

Leia a notícia abaixo:

Construção civil deve crescer entre 3,5% e 4,5% em 2009, prevê Sinduscon

Roberto Loureiro

Apesar da crise financeira, a construção civil brasileira deverá manter o crescimento de 10% em 2008 e poderá crescer entre 3,5% e 4,5% em 2009. As afirmações foram feitas pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, em entrevista coletiva à imprensa. Segundo ele, a construção deverá crescer mais que o PIB por conta das obras já contratadas, que deverão inclusive assegurar um crescimento da atividade do setor pelo menos até o fim do primeiro trimestre de 2009.


Segundo dados da FGV Projetos, há dois cenários possíveis. O primeiro é o Básico, no qual o nível de investimento será menos afetado, principalmente na construção civil. Neste caso, o PIB deverá crescer 3,8% e a construção civil, 4,7%. O segundo é o Cenário de Ajuste Lento, no qual o ambiente externo é menos favorável e a incerteza leva ao cancelamento de um número maior de investimentos. Neste caso, o PIB deverá crescer 2,8% e a construção civil, 3,5%.


Na avaliação do SindusCon-SP, o Cenário Básico é factível. “Obras já iniciadas em 2008 vão garantir a continuidade da atividade em 2009. Os financiamentos da Poupança e do FGTS não foram afetados pela crise de crédito. O BNDES deve garantir uma parte importante dos investimentos em infra-estrutura, também contemplados nos Orçamentos da União, Estados e Municípios. Por isso, acreditamos na probabilidade de o setor poderá crescer entre 3,5% e 4,5%”, diz Watanabe.


Na ocasião também foram apresentados os dados da 37ª Sondagem Nacional da Construção, realizada com uma amostra de 235 construtoras em todo o país. Os empresários ainda permanecem otimistas com relação aos lançamentos de imóveis para 2009, embora menos que no ano passado, sobretudo com relação ao mercado de média e baixa renda. De outro lado, as construtoras acreditam que os investimentos em infra-estrutura serão relevantes para o crescimento da construção.


Mais um texto interessante:

"Uma pesquisa do Datafolha revela que 29% dos trabalhadores brasileiros acham que perderão o emprego em 2009, o que mostra a extensão do medo disseminado. Nem em 1929 o desemprego chegou a tanto. Pesquisa do Ibope indica que 50% dos brasileiros vão reduzir gastos.

Se não revertermos esse pânico, aí, sim, teremos uma recessão em 2009. Portanto, demos vários tiros no pé, podería-mos ter passado relativamente imunes, mas não agora com esse pessimismo todo. Acreditar que reduzir juros resolve, como muitos estão sugerindo, é até infantil. Quem teme perder o emprego não compra a prazo nem com juro zero. Nem com redução de IPI".

Autor: Stephen Kanitz

Leia também meu texto:

Economia: a batalha pelas expectativas dos brasileiros





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