quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Quantas são as crianças cujas mães tem raiva delas?

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A ilustração acima (da Natalia Forcat) me lembrou um dos fatos mais tristes que presenciei.

Estava participando de uma entrega de presentes de natal em uma das áreas mais pobres da minha cidade. Presentes para crianças e adolescentes do bairro (vários deles são atendidos pela ONG que estava organizando o evento).

Muitas pessoas colaboraram para dar aquelas crianças um natal um pouco melhor.

As crianças esperaram ansiosamente o dia em que receberiam o presente de seus amigos “da cidade” (é assim que chamam os bairros onde tem infraestrutura).

Tudo estava bem organizado. Tudo para ser um momento de felicidade.

Nestes momentos jamais falamos de papai Noel. Falamos de solidariedade, amizade, carinho, respeito. Tentamos tornar aquele momento um momento de aprendizado para as crianças. Oramos e agradecemos a Deus. Ensinamos a importância da gratidão.

A maior parte das famílias choram de felicidade ao receber os presentes. Pais e mães se contentam com a alegria dos filhos.

Para mim e minha família (que temos de tudo) é um momento de grande aprendizado e satisfação. Sair da rotina burguesa individualista e viver a caridade e o serviço é uma das melhores formas de descondicionarmos nossas mentes das necessidades de consumo e da busca constante de prazeres. É uma higiene mental que nos lembra que somos espíritos encarnados e realça as prioridades reais que devemos seguir para evoluir.

Porém, nem tudo é aprendizado e satisfação. No planeta existem muitos espíritos ruins que fazem as pessoas sofrerem e nem se importam com isto. Foi o que aconteceu com uma mãe que ficou irada com a felicidade do filho ao ganhar um presente. Era claro a raiva dela com a alegria do filho. Ela pegou o presente e quebrou na frente de todos. A criança começou a chorar com um sofrimento que poucas vezes vi. Um olhar de desespero, um olhar de quem não tem saída.

Ainda hoje me lembro do olhar daquela criança. Me lembro do olhar de ódio das pessoas a volta para com aquela mãe. Um momento que era tão bonito...

É a realidade daquela criança. Um início de vida muito difícil.

Nos dias seguintes aquelas cenas ficaram repassando na minha mente. Eu queria fazer algo por aquela criança. Mas o que? Queria ajudar. Me sentia impotente.

Uma tarde chamei um amigo e fui até o bairro e descobri onde era a casa da criança. Toquei a campainha e chamei a mãe. Perguntei a ela porque o filho não ia às atividades da ONG. Ela deu uma desculpa qualquer. Eu disse: já arranjei uma vizinha da senhora que vai levar seu filho todos os dias na ONG. Falei como quem dá uma ordem.

Foi assim que esta criança começou a freqüentar a entidade. Uma mãe que tem preguiça de fazer comida para os filhos e os deixa passando fome não pode ser deixada de lado.

Os filhos se alimentam na ONG, ficam com pessoas que oferecem bons exemplos, carinho e respeito por eles.

Acho que terão um futuro um pouco melhor.

Fico pensando: quantas são as crianças cujas mães tem raiva delas? Quantas mães existem que não toleram a felicidade dos filhos?



Visite o fotolog da Natália: http://fotolog.terra.com.br/nat_forcat


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2 comentários:

Anônimo disse...

Isso é mesmo muito triste. Vejo todos os dias as pessoas invejarem e não ficarem felizes com a sorte e felicidade dos outros, mas que isso se passe com uma mãe e o seu filho, é verdadeiramente chocante. Que ela não suporte o sorriso e a alegria da sua criança é sinal do seu próprio desespero. Acredito que ela faz isso porque receia que a criança queira mais e ela não lhe possa dar. Acredito que na sua ingenuidade ela só quer poupar sofrimento futuro ao filho. Mas não percebe que ela própria está a causar esse sofrimento a que ela o quer poupar. É muito triste.

Anônimo disse...

Chicao. Acabo de receber outro email "chicaodoispassoa". Já sei q nao é seu, mas e aí, vc tem sózia ou o q o valha?

Inté;
Murilo