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Um dos maiores inimigos da vida nas ruas é a velocidade. Exaltada por todos os lados em propagandas, provas nas manhãs de domingo, filmes e até em eventos de rua patrocinados com dinheiro público, o “poder das máquinas” representado pela velocidade é um componente fundamental da manipulação do desejo pela indústria dos motores.
Em cidades congestionadas como São Paulo, a ilusão vendida se torna ilusão castrada. A promessa do deslocamento instantâneo e das centenas de cavalos no motor representando virilidade e poder se transformam em frustração: dos 120km/h prometidos, o motorista paulistano só consegue exercer uma média de 20 e poucos, velocidade média nos horários de pico.
Não à toa, alguns dos horários mais perigosos para quem se locomove de bicicleta pelas ruas de São Paulo são exatamente os momentos posteriores ao congestionamento, quando o angustiado motorista resolve “tirar o atraso” e pisa fundo.
A REDUÇÃO dos limites de velocidade é um imperativo para a construção de cidades humanas, onde o direito de locomoção não se confunde com o porte de armas.
Educar para a paz nas ruas significa enfiar na cabeça da sociedade que o importante é a velocidade média, não a máxima, e que esta deve ser (como diz o CTB) “compatível com a segurança de todos”. Enquanto a pressa valer mais do que a vida, seguiremos com a carnificina cotidiana e invisível dos “acidentes” de trânsito.
Do blog Apocalipse Motorizado
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