quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Números que falam

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Eu leio diariamente o blog do Luis Nassif. Possui muita qualidade.

Hoje tem uma matéria que gostaria de compartilhar com vocês.

Um dos grandes problemas dos brasileiros é que colocamos nossa emoção e nosso achismo na frente do dado de realidade e do racional.

A libertação da mente acontece quando a emoção é colocada em segundo plano frente a busca de dados de realidade e a organização racional destes dados.

Se assim não for seremos facilmente manipulados por terceiros e por nós mesmos.

Leiam e esqueçam de política, político, comentarista, etc.


Números que falam

A matéria do caderno Dinheiro da Folha - “Bancos têm 100 mil carros de inadimplente” - permite uma boa aula sobre as maneiras de tratar os números e a escolha dos números para apimentar a manchete.

É do repórter Toni Sciarreta. A matéria em si é equilibrada. O uso das ênfase na chamada, não.

Vamos, primeiro, aos exemplos colhidos na própria matéria.

Primeiro, os negativos, que serviram de base para o título da matéria:

Ping

Aqui se apresentam dados relativos, que sempre ajudam a apimentar as matérias. É a história: tenho 0,10% de inadimplentes, por exemplo. Se a inadimplência aumenta para 0,20%, ainda assim é irrisória. Se uso os dados relativos, digo que a inadimplência aumentou 100%.


“Os bancos brasileiros têm em conjunto um estoque de pelo menos 100 mil carros recuperados de clientes inadimplentes, o equivalente à metade das vendas mensais de veículos novos no país, para desovar no mercado de autos usados. Esse estoque é mais um motivo de pressão no segmento de usados, que vive queda sem precedente nos preços e cuja falta de liquidez trava as ações para retomar a venda de carros novos”.

“(…) Os principais bancos que financiam veículos relatam que o volume de recuperação cresceu de 20% a 30% no início do ano em relação ao que acontecia até setembro. Já leiloeiros e empresas terceirizadas de recuperação veem alta de até 50% no número de veículos que costumava chegar aos pátios”.

“Segundo o Banco Central, o sistema financeiro tinha uma inadimplência média de 4,3% em dezembro, o maior nível desde 2002. Se todos esses carros voltassem ao mercado, somariam até R$ 3,506 bilhões -o valor efetivamente recuperado, no entanto, é sempre menor do que a inadimplência total porque os bancos procuram esgotar todas as possibilidades de negociação”.

“No Bradesco, o volume financeiro de carros recuperados triplicou no ano passado até dezembro -saltaram de R$ 76,1 milhões, no final de 2007, para encerrar o ano em R$ 207,5 milhões. Só a recuperação de carros teve um impacto de R$ 300,3 milhões na contabilidade do banco, sendo R$ 92,892 milhões em provisão para perdas. O Banco do Brasil teve recuperação de R$ 20,7 milhões no final de dezembro, ante R$ 584 mil no final de 2007″.

Pong

Aqui, os dados desmentem as conclusões do PING. É evidente que todo aumento de estoque de carros usados em tese pressiona as vendas de novos. A questão é saber se esse volume mostrado representa uma pressão efetiva ou não. Segundo dados da própria matéria, não.

Apesar da preocupação crescente com a inadimplência, o volume de carros retomados representa pouco mais de 1% dos 9 milhões de veículos alienados no país, segundo a Fenabrave (associação das concessionárias). Na conta dos bancos, de cada 4 financiamentos inadimplentes, apenas 1 termina com a retomada.

“Os 100 mil [veículos recuperados] estão dentro dos padrões normais. É um pouco mais de 1% dos financiamentos. Se fosse uma coisa de outro mundo, viraria um negócio para a gente [concessionárias]. Se os leilões vendem, não há encalhe. O problema dos bancos acaba virando um negócio para terceiros”, disse Reze.

Dados que não entraram

Em 2007 a carteira de financiamento dos véiculos do Bradesco era de R$ 59 bi. Em 2008, de R$ 73,6 bi. Em 2007 o volume de carros recuperados era de 0,10% da carteira; em 2008, de 0,35%. Por enquanto, números irrisórios.



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Um comentário:

Anônimo disse...

Chicão vou lhe falar, não sou muito fã deste senhor. Já vi bloquear comentários e depois descaradamente colocar clonar um post com a mesma opinião do comentarista. É só uma questão de comentário certo ou tempo para perceber as reais intenções deste. Não o leve muito a sério, ele é do ramo.

Quanto a números favoraveis a Lula este só não falam, gritam.

!!@v@nte Chicão!!