quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lógica conservadora: ataque aos ônibus e privilégio para o transporte individual

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A economista Mônica Diniz, 28, guarda apressada as chaves do carro na bolsa enquanto atravessa a passinhos curtos a alameda Santos, no Jardim Paulista (zona oeste de São Paulo). É o primeiro dia em que usa o próprio carro para ir ao trabalho. É também um dos dias em que está mais atrasada.

Mônica não está acostumada a dirigir em São Paulo, onde até a última sexta circulava de ônibus fretado. Suas duas irmãs e sua mãe também não: no último sábado, as três compraram -cada uma- um carro para fazer os trajetos antes percorridos em coletivos fretados.

Carolina, 24, comprou um Fiesta.

Renata, 22, comprou um Corsa.

A mãe, Sueli, 50, comprou um Citroën C3.

Moradoras da Vila Formosa (zona leste), onde as estações de metrô ficam abarrotadas, elas nem cogitaram usar transporte coletivo. “Nem pensar. Quem usa fretado quer conforto, não vai vir de metrô”, diz Mônica.

Antes que jogasse a toalha e abraçasse o volante, a economista conta ter se engajado completamente na defesa dos fretados, organizando até abaixo-assinado contra a restrição.

“Consegui 200 adesões, mas não deu em nada”, lamenta ela, que aproveitou para sondar como os usuários passariam a se locomover. “Essas 200 pessoas me disseram que usariam carro. E praticamente todas, como eu, votaram no [prefeito Gilberto] Kassab [DEM].”

Quem encarou o transporte coletivo enfrentou filas imensas para comprar bilhete.
A fila na estação Sumaré (zona oeste) ontem pela manhã era quase que inteiramente composta por usuários de ônibus fretados que foram obrigados a desembarcar na avenida Doutor Arnaldo, onde começa a área de restrição.

A espera na estação Imigrantes chegou a 35 minutos, na chegada dos usuários de fretados vindos de regiões como a Baixada Santista, o ABC e a zona leste. Apenas duas bilheterias estavam abertas.

Bolsões

Mesmo quem não usa os fretados tem reclamações, como é o caso dos moradores da rua Guilherme Barbosa de Melo, na região da Berrini (zona sul).

Nos últimos 15 dias, a rua ganhou vagas de Zona Azul, perdeu parte delas para a instalação de um ponto de táxi e ainda perdeu o ponto de táxi, bem como o restante das vagas, para o embarque e desembarque de fretados. “Agora não podemos estacionar na rua e mal conseguimos sair da garagem”, queixa-se Max Gonzales, membro do conselho consultivo de um condomínio da rua.

Outra reclamação é quanto ao barulho, que começa às 5h.


Nota do Chicão:

O secretário de transporte da cidade de São Paulo é um advogado Yuppie. O verdadeiro almofadinha, mais preocupado com os cabelos do que em administrar corretamente.

O cara é amigão do Alckmin e do pessoal do DEM. Alguns anos atrás o senador Arthur Virgílio chegou a dar chilique (mais um) para que este sujeito fosse indicado como membro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Hoje ele é secretario de transportes da cidade. O nome dele é Alexandre Moraes.

Mas, não é este o principal problema. O maior problema é cultural.

Me lembro quando a prefeita Erundina construiu corredores exclusivos de ônibus. Um dia, nesta época, eu estava almoçando em um restaurante (se não me engano o nome dele era Salads). Um restaurante chiquezinho frequentado pelos mauricinhos de SP. No meio do restaurante a palavra de ordem era falar mal do absurdo dos corredores exclusivos para ônibus. Em dado momento um rapaz levantou e expressou a indignação quase geral. Falou contra os ônibus que afetavam os direitos dos automóveis, contra a prefeita nordestina de SP, etc. Foi aplaudidíssimo.

Passado vários anos estava eu em um restaurante "finesse" da capital paulista (na época a Marta era a prefeita). Aliás, Sampa é um dos melhores lugares do mundo para se comer bem. Neste restaurante, lugar de pessoas mais "maduras" várias mesas discutiam o absurdo do que era a construção de corredores exclusivos de ônibus e como isto atrapalhava os automóveis (os jornais haviam dado várias manchetes sobre o assunto naqueles dias). Muitos ali sentiam que tinham seus direitos prejudicados pelos corredores de ônibus.

Quase nada havia mudado na mentalidade daquelas pessoas... nem o senso de respeito ao próximo havia evoluído.

A Marta perdeu a eleição. Assumiu o Serra e depois o Kassab. O transporte coletivo foi detonado.

O secretário de transporte de SP deve ser um daqueles que se horrorizavam com os corrredores da nordestina Erundina. Só isto pode explicar esta política de atacar os ônibus fretados que tiram MILHARES DE CARROS DAS RUAS.







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