quarta-feira, 17 de março de 2010

“Não quero perder meu carro”

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Para o aprendiz de mestre de obras Josemir Carneiro que financiou seu automóvel 0km em 5 anos, o carro vai facilitar a sua vida. “Numa cidade grande como São Paulo, não dá para ficar sem carro…” argumenta. Já no Hemisfério norte, o Engenheiro Civil Christopher R. Bennet do Banco Mundial economizou milhares de dólares para sua organização fazendo seus deslocamentos através de bicicleta nos países em que trabalha, segundo reportagem do New York Times do mesmo período de publicação.


O que está por trás de tão antagônicas reportagens? Talvez você, caro leitor, seja a chave para compreender estes dilemas da mobilidade.

Meios de transporte eficazes são fundamentais para o funcionamento das cidades e quase que uma pré-condição para a prosperidade econômica e bem-estar dos seus habitantes em qualquer lugar do mundo. Ao mesmo tempo, os benefícios econômicos e sociais da mobilidade são frequentemente acompanhados por efeitos secundários negativos, tais como os congestionamentos, exclusão social, acidentes, poluição atmosférica e consumo de energia.

A cada dia, pessoas inteligentes fazem opção por deslocamentos individuais motorizados, dado pela facilidade econômica em adquirir um veículo ou pela falta de transporte público de qualidade, o que contribui com o aumento do volume de tráfego, trazendo como conseqüência os congestionamentos que são cada vez mais frequentes e responsáveis pela perda de produtividade econômica e pela degradação ambiental que afeta a qualidade de vida de todos.

Em consequência da crise econômica global, o Brasil adotou como política de estímulo da economia a redução de impostos, principalmente sobre o carro, possibilitando o aquecimento econômico, mas contribuindo com o aumento de carros circulando nas ruas, sobretudo nos estados mais pobres do país e com menor infraestrutura viária, agravando cada vez mais a condição de vida nas cidades.

O grande desafio para as cidades em todo o mundo neste século é atender às necessidades de mobilidade de forma socialmente inclusiva, economicamente eficiente e ambientalmente sustentável. Ao mesmo tempo, a oferta de infraestrutura de transporte adequados, eficientes e seguros em áreas urbanas, no entanto estas condições estão relacionadas a um conjunto complexo de fatores financeiros, institucionais, ambientais e políticos. Muitas vezes não são obstáculos financeiros ou de natureza técnica que impedem uma boa política de mobilidade, mas os de ordem política e institucionais que impedem o progresso da mobilidade sustentável nas cidades.

O automóvel não é o vilão das cidades, mas sim a forma como o utilizamos no nosso dia-a-dia. Se você é uma destas pessoas que não abrem mão de utilizar o carro todos os dias, vai dizer que tudo isso é besteira, que o governo deveria gastar mais dinheiro construindo pontes e viadutos. Mas se você parar por um estante e pensar em deixar o carro pelo menos uma vez por semana em casa e adotar uma atitude mais sustentável em relação aos seus deslocamentos, vai perceber que é possível viver em cidades mais humanas e sustentáveis. Faça o teste, tenho certeza que amanhã você vai influenciar outras pessoas a adotarem meios alternativos de deslocamentos.

Fonte: ecodesenvolvimento.org.br
 

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