quinta-feira, 22 de abril de 2010

Urgente! Saiba quem é Juarez Reis

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O movimento dos com-terra. Com a terra dos outros.


Juarez Reis virou sem-terra: o lugar onde nasceu agora é de Kátia Abreu.

O Tijolaco recebeu, no post anterior, com muito orgulho, um comentário do jornalista Leandro Fortes, da Carta Capital. Ele nos indica, e eu repasso, como leitura sobre a demo-ruralista Kátia Abreu, a leitura de uma matéria por ele publicada em novembro de 2009 na revista , sobre a origem de parte das terras da senadora.É imperdível.

Ia chamar de aperitivo o resumo que ia fazer, mas a palavra não cabe, porque os fatos são de embrulhar o estômago. Seleciono alguns trechos, então:

"Foram ações do poder público que lhe garantiram (à senadora) praticamente de graça extensas e férteis terras do Cerrado de Tocantins. E mais: Kátia Abreu, beneficiária de um esquema investigado pelo Ministério Público Federal, conseguiu transformar terras antes produtivas em áreas onde nada se planta ou se cria."

"Em 2003, (Juarez Vieira) Reis foi expulso das terras onde havia nascido em 1948. Foi despejado por conta de uma reforma agrária invertida, cuja beneficiária final foi, exatamente, a senadora. Classificada de "grilagem pública" pelo Ministério Público Federal de Tocantins, a tomada das terras de Reis ocorreu numa tarde de abril daquele ano, debaixo da mira das armas de quinze policiais militares (…) "Kátia Abreu tem um coração de serpente", resmunga, voz embargada, o agricultor, ao relembrar o próprio desterro.

Leandro conta, então, que um decreto do então governador de Tocantins Siqueira Campos (PSDB), tucano que governou por três mandatos, declarou de "utilidade pública", por suposta improdutividade, uma área de 105 mil hectares , incluindo as terras onde Juarez vivia e plantava.

"A desapropriação das terras foi tão apressada que o juiz responsável pela decisão, Edimar de Paula, chegou à região em um avião fretado apenas para decretar o processo. O magistrado acolheu um valor de indenização irrisório (10 reais por hectare), a ser pago somente a 27 produtores da região".

As terras foram repassadas a vários fazendeiros da região, por R$ 8 por hectare.

"(…) a parlamentar ficou com um lote de 1,2 mil hectares. O irmão dela, Luiz Alfredo Abreu, abocanhou uma área do mesmo tamanho.

No meio das terras presenteadas por Siqueira Campos a Kátia Abreu estava justamente o torrão de Reis, a fazenda Coqueiro. Mas, ao contrário dos demais posseiros empurrados para as reservas do Cerrado, o agricultor não se deu por vencido. (…)o pequeno agricultor tentou barrar a desapropriação na Justiça. A hoje senadora partiu para a ofensiva."

Kátia Abreu, segundo a narrativa de Leandro Fortes, entrou com uma ação de reintegração de posse de toda a área, "inclusive dos 545 hectares onde Reis vivia havia cinco décadas". Arrolou testemunhas que viviam a 800 km dali.

"Incrivelmente, a Justiça de Tocantins acatou os termos da ação e determinou a expulsão da família de Reis da fazenda Coqueiro e dos 62 hectares recém-comprados. Ignorou, assim, que a maior parte das terras era utilizada há 50 anos – ou, no mínimo, há mais de dois anos, como ajuizava o documento referente ao processo de usucapião. Reis foi expulso sem direito a indenização por qualquer das benfeitorias construídas ao longo das cinco décadas de ocupação da terra, aí incluídos a casa onde vivia a família, cisternas, plantações (mandioca, arroz e milho), árvores frutíferas, pastagens, galinhas, jumentos e porcos."

Juarez vive com outras 19 pessoas na chácara de um filho, numa casa de sapê com dois cômodos. Sua terra, ou a terra que foi sua e agora é de Kátia Abreu, não produz nada, é puro capinzal.

do blog Tijolaço


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